terça-feira, maio 24, 2005

É engraçado como a minha gramática tem uma tendência para estar sempre a mudar. O 'tu' desapareceu outra vez, o 'ela' não existe para já. Somente o 'eu' existe no singular. A minha bem-amada sorte de sempre volta a atacar. Gostava de ter aprendido com os meus erros, gostava de ter aprendido a deixar sempre um pé atrás mas afinal parece que não. Afinal parece que ainda não aprendi que a única maneira de não sair magoado é não me atirar de cabeça.
Comigo a vida parece que tem uma maneira muito especial de me atirar ao chão quando eu penso que estou melhor.
Só agora me apercebo que a única mulher que alguma vez me amou foi a solidão, é a única que volta permanentemente para mim. E não é assim tão má. Vendo bem, até é bastante boa companhia. A solidão ganhou outra vez a batalha, conquistou-me novamente. Mais vale ir-me habituando, este parece ser o meu destino.
Não acredito no destino, excepto quando ele parece sempre contrariar a minha vontade. A verdade é que eu nunca fiz nada para ter passado por tanto, nunca mereci aquilo que sofri e o sofrimento nunca foi merecido por quem eu sofri. Só o destino pode ser o culpado disto. Cheguei à conclusão que o meu destino me odeia. Só pode ser isso.
Enfim, life goes on. Quero voltar aquela animação que tinha há um mês atrás. Quero recuperar aquela sensação de gostar de mim para variar. Quero ser livre, feliz, despreocupado de uma maneira preocupada comigo. Só eu importo. Só eu me interesso. Nada mais. Não haverá outra pessoa que se possa pôr entre mim e eu. Estou sozinho, não, estou comigo. Estou sozinho mas isso não me impede de lutar por mim, de ser feliz. E eu quero ser feliz, quero a felicidade mesmo que tenha que lutar o dobro. Um novo ciclo chegou para mim. O meu ciclo.

segunda-feira, maio 23, 2005

Merda.

quinta-feira, maio 19, 2005

INQUÉRITO

Se tivesses de ser uma lista de cinco músicas, como as do High-Fidelity, qual serias?
Hum... só cinco? Um pouco difícil, mas vou tentar:
- Laid, dos James, porque foi o símbolo da minha conversão à boa música
- Discover, de Tim Booth, a melhor música do album do homem que me dá o nick
- Purple Haze, Jimi Hendrix, porque foi o primeiro grande e difícil tema que aprendi do mestre, e é simplesmente genial
- Samba e Amor, Bebel Gilberto, porque é Bossa Nova da nova e da boa
- Live and let die, dos Guns 'n' Roses, porque eu também sou pesado.

Já alguma vez ficaste apanhadinho por um personagem pop?
Tim Booth. Será que é preciso explicar?

Qual é a melhor linha de baixo, o melhor riff de guitarra e o melhor break de bateria, que já ouviste?
Hum... Adorei o baixo da "I will survive", na versão dos Cake e da "Video Maria" dos GNR;
O prémio para o melhor riff vai para o riff inicial da "Purple Haze" do Hendrix, seguido de perto pelo riff da "Lie and let die" do Slash e da "7 nation army" dos White Stripes;
Já de breaks não percebo muito, mas aquela transição que o Bayton - Power faz na Laid é simples e linda.

Qual foi o último disco que compraste?
Bem, comprar comprar, o último foi o "Bone" do Tim Booth. Agora, arranjar de maneiras pouco legais, foi o Best of dos Cool Hipnoise, "Groove Junkie".

Qual é o último disco a que davas 5 estrelas?
Bem, dos mais recentes talvez aos The Killers, aos Franz Ferdinand e ao debut do Jorge Cruz..

Que discos andas a ouvir?
Há sempre um cd dos James na minha aparelhagem. Para além disso, The Stills, Toranja, Cool Hipnoise, Jorge Cruz, entre outros.

Cinco discos que levarias para uma ilha deserta?
"Laid" dos James, Franz Ferdinand, "Best of" dos Guns'n'Roses, Bebel Gilberto, e Silence4 para representantes portugueses.

Três pessoas a quem vais passar o testemunho e porquê?
Fácil: aos meus amigos do Cala e come-te, a todos eles mesmo aqueles que não costumam escrever, à minha querida Ssunssett e também à Ana, porque provavelmente todos terão dificuldades em responder a este inquérito. Ah, e claro, também à minha Marta e às amigas, porque acho que para elas ainda vai ser mais difícil.

terça-feira, maio 17, 2005

Ainda não acordei do sonho deste maravilhoso dia. Então isto é que é realmente a primavera, já não me lembrava. As flores são agora mais belas, o canto das aves ganhou novo timbre, nunca o sol brilhou tanto. Estou feliz como já não me lembrava de estar.
Não sei bem o que dizer nem por onde começar. Se me vissem o sorriso na televisão, um ecrã panorâmico não chegaria para cobrir toda a largura. Hoje aconteceu aquilo porque eu estava à espera mas que nunca esperei realmente que acontecesse. Estranho, bom, maravilhoso, tudo pode descrever o momento. As palavras da Lingua Mater são poucas para descrever o que sinto e senti no princípio de tudo. Química, física e todas as outras ciências a um nível que nunca julguei possível. Uma ligação tão forte, um desenrolar de acontecimentos tão natural quanto simbiótico entre dois seres humanos.
Um beijo, um simples beijo é ignição suficiente para acender a fogueira de uma relação. Um local mágico completa o cenário. The sweetest kiss. Nunca esperei sentir tamanha felicidade no meu peito, o coração quase que me saltava do meu para o teu. Agora a parte lamechas.
Vejo-me forçado a agradecer a todos os que me ajudaram durante os dias maus. A todos os que me aturaram nestes textos ridículo-depressivos, aos que para além disso me aturaram pessoalmente, e aos que sem nunca estarem presencialmente comigo me aturaram via MSN. Obrigado a todos vocês.
É claro que agora vem o grande obrigado. A ti, o novo 'tu' do meu dicionário, que me abriste as portas da felicidade, obrigado. Tu que me fizeste acreditar novamente, obrigado. Obrigado por existires.
Esta deixou de ser apenas a história de um rapaz. Esta, é a história de um rapaz que encontrou finalmente a felicidade.

domingo, maio 15, 2005

Sinto que a segunda pessoa do meu singular está a ganhar uma nova dona. Espero que as minhas noções gramaticais estejam correctas.

Vai haver um novo 'tu' na minha vida e consequentemente neste blog.

segunda-feira, maio 09, 2005

Obrigado por dares ainda mais força à minha decisão.

quinta-feira, maio 05, 2005

Sonhei-me fechado num laboratório subterrâneo. As paredes de monte e um lago no meio tal qual como os esconderijos dos maus nos desenhos animados de heróis. Um riso maquiavélico por trás de mim. Uma montanha de ogivas nucleares adornadas por um temporizador. Menos de um minuto para a detonação. "Tarde de mais" alguém gritou. Corri até junto das ogivas. O meu coração batia acelerando ao ritmo dos segundos, mais e mais, até ao ponto de quase me sair do peito. Faltam dez segundos... tum tum... cinco segundos... tum tum tum tum... 4 tum tum tum tum tum tum tum... 3, 2, 1... Um clarão cegou-me. "Acabou" pensei. Depois a escuridão total.
Então isto é que é a morte, a escuridão. Um silêncio de morte. Um escuro de morte. Uma solidão de morte. Então é isto depois de morrer. Paz de morte. Acordei então.

Sonhei com a morte e acordei quando morri. Alguém me diz o que é que isto quer dizer?

domingo, maio 01, 2005

O caminho é estreito e difícil, carregado de pedras esverdeadas capazes de me atirar ao chão se eu me distrair por míseros milisegundos. O vento forte que sinto no tutano dos ossos teima em me derrubar, despenteia os cabelos mais orgulhosos e até obriga os orientais a semi-cerrar os olhos. Pressiono as 'Nike' com força contra a pedra traiçoeira para não me matar num qualquer afiado precipício que se estende por baixo de mim. Levanto a cabeça para ver o que o Miguel tinha escrito sobre aquilo, sorrio e dou-lhe razão. Está lá bem representado na pedra, a azulejo, tudo o que o comum dos mortais pode sentir ao entrar naquele santuário da Natureza. Senti-me como que um invasor penetrando no sagrado dos sagrados, baixei a cabeça novamente com a desculpa de prestar atenção ao caminho, escondendo a face com medo de ter insultado a divina Mãe ao entrar forasteiro naquele lugar. O vento forte levanta o pó do caminho e obriga-me a olhar em frente. Um pensamento ocorreu-me então naquele momento: "Perfeição". Sentia-me capaz de abraçar o mundo de uma só vez, capaz de esconder o rio com a palma da minha mão. O vento continuava-me a cantar aos ouvidos as maravilhas mil que ali se encontravam à minha humilde vista desarmada. O verde dos sucalcos, qual tapete real, estendia-se pelos meus pés até ao meu muito amado rio. Aqui e ali seguro pelas armações do néctar divino, contrastando a humanidade do ferro com a naturalidade da vinha. Lá no fundo, o rio, esse, fazia o seu rumo rumo à minha cidade, curvando-se perante a magnificiência dos altivos montes, crispando-se perante a teimosia humana. Leva-me contigo, ò rio, leva-me pelos montes e vales sublimes que atravessas. Dá-me boleia até casa, deixa-me correr contigo o meu país. O céu observei então, meio enublado para não tirar o protagonismo da paisagem. Uma linha de luz, holofote de Deus, incidia sobre o rio e o nobre monte, actores principais do alto cenário. O vento continuava a surrar-me o corpo enquanto eu me limitava a tirar as minhas 'polaroids' mentais.
Douro, eu te amo.

Tomar decisões é saudável. Desde que tomei a decisão mais importante da minha vida nos últimos tempos, que me tenho sentido muito melhor. Muito melhor mesmo. Redescobri o prazer nas pequenas coisas, a beleza dos pormenores. O meu gosto pela vida ganhou um novo alento. O meu alento ganhou novo alento. Sinto que já não tenho de sorrir porque sim, aora tenho de sorrir porque o meu espírito me diz que desperdiço a minha vida se não o fizer. E eu já desperdicei muito tempo da minha vida. Estou farto de perder tempo. Tempo é dinheiro, sempre ouvi dizer. Pior, tempo é vida, é amor, é paixão. E eu já desperdicei demasiado disto tudo. Agora chegou a altura de aproveitar. Aproveitar a feliz sensação de enviar uma carta por correio normal. O prazer que tenho ao escrevê-la é semelhante ao de quem a abrir na hora do correio. Escolher um sábado ao acaso antes de uma semana intensa de trabalho e dedica-lo completamente ao ócio. Aproveitar a manhã para dormir e ver os velhos episódios do 'ER'. Escrever o guideline para uma história, ir passear a tarde toda. Pegar num livro e regá-lo num café à beira da praia com uma nova ruiva que custa os olhos da cara e que é próxima da farsa. Andar quilómetros e quilómetros só para estar à beira-mar e ver gente. Libertar a mente com os passos longos. Em casa escrever um texto sem paragrafos só porque apetece. Agora consigo ver o prazer nestas pequenas coisas. Agora? Agora aproveito. Agora vejo finalmente que é bom estar vivo.