sábado, julho 31, 2004

She's not so special, so look what you've done, boy. She's not more than any other girl that you know, so look what you've done.
You've exposed yourself. You 've humiliated yourself. You've apologised for nothing.
You've cried and cleaned away your tears for her. You've died and got back to live just to see her once more.
You've been a dog and you've been a God. You've been a prayer and you've been a slayer.
You've been whatever she wants whenever she wants. You've just been InLove.
She's not so special, so look what you've done, boy.

Mood by Franz Ferdinand, auf achse

quinta-feira, julho 29, 2004

Medo. Estou afogado em Medo. Grito até a minha voz ficar absolutamente roufenha, mas aparentemente ninguém me ouve. Procuro num olhar desesperado na margem por alguém que me possa ajudar. Ninguém. As forças escasseam e já não me lembro de como se nada, toldado pelo pânico como estou. Passam na minha cabeça imagens da minha vida, tal como nos filmes. Sempre me perguntei se isto aconteceria realmente.
As imagens não são mais do que outros momentos em que me vi em situações semelhantes, mas ao invés de me ajudarem só me desesperam mais ainda.
Levanto a cabeça e olho à volta. Vejo dezenas de cabeças que se afogam lentamente tal como eu. Gritam por ajuda para ninguém. Não nos podemos ajudar mutuamente, estamos demasiado distantes. E estamos demasiado rodeados pelo medo.
Subitamente o mar de medo vai-se esvaziando. Alguém abriu o ralo das profundezas. Mas ainda não estou livre. Caí numa cela de dimensões mínimas e com paredes dez vezes mais altas do que eu.
Bato insitentemente nas paredes até ficar com as mãos practicamente partidas. A cela não tem qualquer tipo de porta ou janela. Não vejo luz, não ouço nada.
Espera: ouço um tipo de ruído como se alguém estivesse a arrastar alguma coisa. Oh não! As paredes estão a aproximar-se ainda mais!
Medo. Vou ser esmagado pelo medo.

terça-feira, julho 27, 2004

Hoje tinha necessidade de escrever. Sem qualquer assunto especial, sem desespero, sem tristeza ou alegria especial hoje precisava de escrever. Foi uma necessidade que surgiu e que me surge normalmente em momentos demasiado tristes para serem suportados sozinhos. Mas hoje não. Não me sinto especialmente triste nem extraordináriamente alegre. Sinto-me apenas só.
Sentir-se só não é necessáriamente uma coisa má. Quantas e quantas vezes não me disseram que também queriam estar sós. A solidão é a altura em que se pensa. É quando temos todos os factos alinhados por ordem alfabética e nos damos ao luxo de não respeitarmos qualquer tipo de ordem. É quando podemos provar um bolo delicioso sem que ninguém note que lá falta um pedaço.
A solidão é uma coisa boa e foi por isso que decidi escrever sobre ela hoje. Como uma vez escrevi: "Era uma vez um rapaz que se sentia sozinho. Foi quando o rodearam que se apercebeu que a solidão não era assim tão má."
A solidão não é má: é boa. A solidão permite-nos fazer coisas que de outro modo não conseguiriamos. Permite-nos, por exemplo, fazer introspecções, permite-nos descobrir a dor que reside dentro de nós e confrontá-la com a felicidade que também lá está. Permite-nos descobrir essa mesma felicidade que julgavamos perdida. Permite-nos escrever sobre ela mesma em momentos ociosos.
A solidão é boa sim, mas apenas se poder ser partilhada. Contigo.

sábado, julho 24, 2004

Queria ser mais. Queria ser mais alguém, mais humano, mais eu. Queria ser mais gentil, mais sedutor, mais inteligente. Queria ser mais.
Queria ser mais forte, mais ágil, mais duro. Queria ser alguém que fosse realmente alguém, queria ter certezas. Queria ser seguro, ser único.
Queria saber quem sou, de onde venho e para onde vou. Queria saber porque não sei nada disto.
Queria ser o que fosse preciso ser para ser feliz. Queria ser apaixonado. Queria ser insensível.
Queria ser tudo, queria ser nada. Queria ser um mais-que-tudo, um nada na vida de alguém.
Queria trocar de papéis. Queria ser o teu mais-que-tudo e queria que tu passasses a ser o meu nada, queria sentir a vida do outro lado da barricada.
Queria ver, ouvir os teus pensamentos. Queria ler o teu coração. Queria entender as tuas atitudes, os teus gestos. Queria sentir o que sentes, olhar o que vês e falar o que querias ouvir.
Não queria ser mais do que o que sou. Apenas queria ser melhor.

quarta-feira, julho 21, 2004

Sinto-me perdido. Como se tivessem arrancado o meu sentido de orientação, vazado os meus olhos e em seguida me largassem num qualquer deserto deste mundo.
Não sei como vim parar a esta situação e a este lugar. Sinceramente, também não me interessa, não é isso que me tira o sono. O que me mantém acordado até altas horas da madrugada é o meu desespero para arranjar uma solução para sair.
Estou farto deste sítio horrivel onde a minha alma está perdida. Estou farto de tentar encontrar o caminho no escuro e de tentar guiar-me como se fosse um morcego através dos ecos das minhas acções. Quero luz. Quero deixar de ser perdido, quero passar para o lado dos que têem certezas. Estou farto de ser indeciso.
Quero que me olhem nos olhos e me perguntem a mim "onde estou" e quero poder responder. Quero descobrir o caminho para a felicidade, quero saber dos mistérios que me envolvem.
Mas no entanto, revelando a minha natureza indecisa, abdicava de tudo isto, de todos os meus pedidos irracionais de felicidade absoluta, só por uma certeza: a certeza da tua felicidade.

Não falei contigo com medo que os montes e vales que me achas caissem a teus pés. São estas as palavras que ouço enquanto estou a escrever estas tristes linhas e acho que nunca tive uma banda sonora com uma letra tão adequada ao momento que atravesso.
Estou mais uma vez com medo de falar, com medo de sair ainda mais magoado.
Estou com medo de ser ignorado, com medo de acabar por me sentir novamente sozinho no mundo, como um caso isolado de tristeza num universo feliz. Mas estou acima de tudo, com medo do que quer que seja que eu ainda sinto desapareça esmagado com o peso da dor e da solidão.
Já é suficientemente duro para mim aguentar com a solidão e com a dor quando ainda sinto alguma coisa que ajude a reforçar o alicerce, mas sinto que isto está cada vez mais a enfraquecer. Já começa a ser demasiado pesado para aguentar o peso e muitas vezes o que me apetece é parar de esforçar e levar com o sofrimento em cima. Estou cansado.
E mais irritante do que isto tudo, é ver que não te apercebes. É ver que estás a olhar para mim como se estivesse tudo bem, como se só tu é que precisasses de ajuda, como se fosses o centro do Universo de todos. Do meu, infelizmente, ainda és.
Ages como se mesmo para ti fosses tu o centro do Universo. Assim ainda magoas alguém.
A mim, passou-me ao lado. 

segunda-feira, julho 19, 2004

É tudo na minha cabeça. Tem que ser tudo na minha cabeça. Só pode, porque se não for, então todas as certezas que eu tinha sobre o mundo, sobre a vida, correm o risco de serem fortemente abaladas.
Gritos de desconfiança ecoam pela minha cabeça preocupada. É tudo muito improvável, eu sei, mas por outro lado é também uma realidade que mais tarde ou mais cedo vai-se acabar por realizar. Mas com a realidade posso eu bem, o que me está a custar é a suspeita, que se se vier a confirmar por vias menos nobres, então sim, aí é que o meu mundo vai sair abalado. O nosso mundo vai sair abalado.
Eu sei que não sou tão especial para ti, ou tão importante como secretamente penso ser, como queria ser, mas de qualquer das formas acho que merecia no mínimo uma justificação para esta nova fase que atravessamos e que em nada tem a ver com os bons momentos (pelo menos para mim) que já tivemos. Deves-me ao menos isso.
Sim, eu sei que também agi mal quando decidi ser egoísta e pensei em afastar-me para evitar assim a hemorragia de sofrimento, mas ao fazer isso penso que abri em ti uma ferida que ainda não consegui fechar e por isso peço desculpa. Mas apenas por isso. Disseste-me uma vez que as desculpas vindas da minha boca já não tinham significado, porque eu as usava demais. E sabes porquê? Porque me rebaixo sempre e ignoro a razão que é minha de direito apenas para que não nos zanguemos. Mas esses dias acabaram. Não mais ouvirás um "desculpa-me" sentido vindo destes lábios sem que para tal haja necessidade. Não vou deixar que me continues a tratar como se não tivesse nunca razão. Não sou mentecapto,  percebo que seja mais fácil para ti ouvir desculpas quando eras tu que as deverias proferir, mas como já te disse, nunca mais.
Por isso, e com uma insensibilidade que não reconhecia em mim, peço-te que sejas tu que me digas a verdade, não como a um apaixanado que temes magoar, mas como a um amigo que teu pensa ser.
Espero que me confirmes que é tudo na minha cabeça. Espero que me digas que estou maluco. Mas mesmo que não esteja e que as minhas suspeitas não sejam infundadas, espero que mo digas.

domingo, julho 18, 2004

A main reason, aquela que está na base de practicamente todos os posts que infestam este miserável blog, faz hoje a bela idade de 18 aninhos. Os mais românticos diriam 18 primaveras, os mais desportistas 18 verões; eu digo somente que fez hoje 18 anos que a minha vida foi condenada à solidão.
Mas, apesar de tudo, tenho que lhe dar os merecidos parabéns, portato aqui ficam: Parabéns!
 
Bolas, é impressão minha ou a dor é um pouco viciante? Acho que me habituei demais a esta situação...

quarta-feira, julho 14, 2004

Acordei. Olhei em volta e apercebi-me de que não esteva na minha memória alegre dos tempos em que era realmente feliz. Novamente, a realidade abateu-se sobre os meus ombros e a lágrima amarga voltou a reaparecer no seu lugar de Very Important Tear.
Mas hoje sacudi os ombros e enxuguei os olhos. Não é tempo de sonhar com o passado que não existiu; é tempo de olhar em frente, para o futuro, para onde ainda é possivel que os sonhos e esperanças que tive no passado se venham a realizar.
Sou demasiado novo para que me deixe afogar pelo leite derramado; tenho que pegar no pano e limpar a porcaria do chão da minha vida. Tenho que destruir as falsas memórias para arranjar espaço para as verdadeiras que hão-de um dia surgir. Um dia terei memórias reais com que me babar. Tenho a certeza.
Desligo o leitor de cd's que tocava sem parar há vários dias. Decidi pegar na guitarra e cômpor a minha própria banda sonora para a felicidade.
As notas e acordes vão saindo a medo e não raras vezes abafadas pelos trastes. Demora um pouco mas lentamente começo finalmente a reconhecer um nico de melodia a que se pode chamar música. Não é lá muito bonita, é até um pouco difícil de ouvir. Bastante triste aquilo soa-me à melodia da minha vida. Paro e recomeço. O futuro não pode ser assim. Não pode.
Desta vez acaba por me soar bem melhor. A minha persistência aliada ao meu parco conhecimento levou-me a bom porto. Assim seja a minha vida.
Mas estou farto de parar e recomeçar. Uma única vez gostava de de começar e terminar uma música alegre que servisse de som de fundo ao viver, em vez de longas e tristes baladas, intercaladas com semi-alegres solos.
Embora cansado disto, é a única solução. Tenho de continuar a tentar e a rezar para que a minha vida se molde em função da minha música e não o contrário.
Acordei coberto com a realidade.
A realidade que ontem temia e hoje enfrento.

terça-feira, julho 13, 2004

Rodeado pelo teu mundo musical, regresso numa louca viagem pelos recantos mais obscuros da minha mente aos nossos primeiros tempos que apenas eu vivi. Aqueles primeiros dias em que tudo o que me rodeava era mágico e inesquecivel. Ainda hoje guardo memórias vivas dos meus dias de felicidade.
Naquele tempo, quando te via, toda a minha carne rejubilava com a tua beleza e o meu espírito com a tua presença. As tuas palavras tinham uma melodia magnífica que eu avidamente, sofregamente sorvia. Na minha cabeça, era o teu rosto que eu via sempre que fechava os olhos, eras sempre tu que mansamente sussurravas aos meus ouvidos sempre que eu punha algum distraído cd no leitor. Como hoje. Só que hoje em vez de dizeres na minha imaginação o quanto precisas de mim, hoje ignoras-me, deixando-me sozinho com os meus tristes pensamentos que me levam numa louca nostalgia pelos dias da minha imaginada felicidade.
Eram tempos de uma felicidae inventada, mas eram pelo menos tempos de felicidade. Como diz o sábio David que toca agora e me tortura, talvez o verão te traga novamente. Talvez o verão traga a felicidade que foi só minha e da qual tu nunca compartilhaste.
Tenho saudades dos dias em que pensava que talvez as coisas corressem pelo caminho bom. Acreditava mesmo, naquele tempo, que o Amor não me puderia magoar. Mas magoou.
Acreditava seriamente que nada de mal me poderia acontecer, mas estava enganado.
Hoje que tenho o pesado fardo da realidade sobre os meus ombros e a lágrima dura e insistente no meu olho, recordo com uma mágoa amargurenta o tempo onde era feliz na minha mente.
Sadicamente ponho o leitor em repeat e ouço vezes sem conta a banda sonora dos meus dias de felicidade.
Fecho os olhos. Tudo o que eu queria agora era acordar naquele tempo. No tempo onde a felicidade estava apenas a um pensamento de distância.

quinta-feira, julho 01, 2004

Yupi!
Carlsberg Man of the Match
but still not happy...