domingo, agosto 29, 2004

Nunca me senti assim. Nunca em toda a minha curta vida me senti desta maneira. Estou tão confuso que a terra me parece girar ao contrário. É como se os rios nascessem no mar e corressem para as nascentes. Sinto-me como como se estivesse virado de pernas para o ar e todo o mundo se sentisse bem com a situação menos eu.
Sinto-me perdido, confuso. Sinto que sou a incerteza perdida num mundo feito de certezas.
Sou o fantasma de Sir Francis Drake à procura de navios espanhóis para pilhar, em pleno deserto do Saara.
É como se fosse um jogador de futebol e tivesse que dar um concerto para 20.000 pessoas.
Estou perdido, confuso. Não sei se tudo isto é apenas a saudade ou algo mais. Não sei se ainda existe alguma coisa dentro de mim para além de mera nostalgia. Será normal sentir falta de algo que nunca existiu?
Sinto-me como um aluno de Letras a responder a um exame de Física Quântica.
Não sei como fiquei neste estado e não tenho uma ínfima noção de como poderei sair, mas uma coisa sei: preciso de respostas.
Será normal sentir falta daquilo que já senti ou será que ainda sinto e não me quero convencer disso?

terça-feira, agosto 24, 2004

Estou com aquela sensação esquisita de falta, de perda. Aquela sensação que nos diz que não estamos bem sozinhos no mundo, a sensação que nos informa que anda por esse mundo alguém que sente o mesmo que nós e que como nós procura alguém para colmatar a metade que falta.
Estou com a sensação de que há por aí alguém à minha procura, alguém cuja existência eu desconheço. Alguém que sente a minha falta mesmo sem me conhecer, da mesma maneira que eu sinto falta desse alguém.
Há por esse mundo alguém que tem um ombro à minha espera, um ombro onde eu possa chorar e rir.
Há algures uns lábios que esperam ansiosamente pelo rendez-vous com os meus. Nalgum lado alguém chama por um nome desconhecido que é o meu. Nalgum lado alguém suspira pelo fim da solidão tal como eu.
Mas agora estou só,com aquela sensação de vazio, de perda. Estou sozinho com a companhia da minha velha companheira solidão.

segunda-feira, agosto 23, 2004

Estou cansado. Estou cansado de lutar contra os monstros imaginários que povoam a minha cabeça.
Estou cansado de lutar pela sobrevivência num país onde os mais fortes pisam e esmagam os mais fracos, onde o que mais vale não são as qualidades dos homens mas a quantidade de poder que cada um detem.
Estou cansado de nadar contra a forte corrente de um rio que desagua num mar de desespero, num oceano de dor dilacerante.
Estou cansado. Não aguento mais, vou desistir. Estou farto de ser o pilar que aguenta com a minha sanidade mental. Estou farto de ser o obelisco comemorativo da vitória do bem sobre o mal, do sofrimento e da dor.
Estou farto da responsabilidade de ser só mais um num mundo de multidão.
Vou desistir.
Vou sucumbir.
Vou dormir e não quero tornar a acordar.

quinta-feira, agosto 19, 2004

Já voltei no Domingo para casa, mas apenas hoje tive coragem para voltar a escrever aqui.
Podia-me armar em cínico e hipócrita e dizer que foram duas semanas espetaculares, que nunca me tinha divertido tanto em toda a minha vida.
Mas eu não sou assim e para ser sincero estas duas semanas foram uma verdadeira tortura. Senti-me como um herege a ser torturado pela Inquisição. Penso que nunca sofri tanto em tão pouco tempo.
Estou aliviado por poder ter voltado a casa.
Quando parti desejei voltar com a ideia de que este blog era desnecessário, mas acho que nunca precisei de escrever tanto nele como hoje.
Se estás a ler isto, e eu sei que mais tarde ou mais cedo vais acabar por ler, não estou assim pelos motivos que tu julgas. É fútil da tua parte pensares que estou mal por causa de mero ciúme. Nada tenho a ver com a tua vida. Eu queria, mas não tenho. Não me interesso por quantos novos apaixonados possas ter, nem qual é a tua relação com eles. Simplesmente não é da minha conta e não me afecta minimamente.
O que me interessa, isso sim, somos nós. A nossa relação que podia não ser mais que uma forte amizade mas existia, e agora desapareceu. Para onde? O que aconteceu? O que é que eu fiz?
Sinto-me traído. Depois de toda a força que te dei, de tudo em que te ajudei, de tudo o que fiz por ti, sinto-me traído. Mereço no mínimo uma explicação. Não peço mais do que isso, uma explicação.
Sinto-me revoltado. Não sei o que te fiz para seres tão agressiva para mim. Há uns dias para cá que sempre que me diriges a palavra é para me atirares com pedras que guardas na mão, e ainda tens uma ou outra no bolso para o caso de eu tentar ripostar. E se acaso até estás bem-disposta e preferes uma coisa mais divertida, escolhes a trapaça e arranjas sempre maneira de me deitar abaixo.
Não sei o que é que eu fiz. Mereço uma explicação.
Não sei como mas conseguiste transformar practicamente tudo o que sentia por ti em ódio e raiva. Estás feliz? Espero que sim.
Não fiz nada que mereça a tortura que tu me deste durante a última semana. Não te peço mais que uma explicação. Será pedir muito?

Peço desculpa a todos os que lêm isto e nada têm a ver com a história mas precisava de escrever isto. Desculpem-me

segunda-feira, agosto 02, 2004

Férias. Ah!, finalmente as tão desejadas e merecidas férias.
Parto hoje segunda-feira depois do almoço para a bela vila de Nespereira, para a casa do meu grande amigo Carlos e só regresso no dia 15 de Agosto, portanto até lá não vou escrever mais nada.
Só espero que volte a Matosinhos com a ideia de que este blog já não faz mais sentido...