quinta-feira, dezembro 22, 2005

Somos filhos da frustração. Somos a geração adormecida do mundo. Somos os filhos do meio. Não temos nem grandes guerras nem graves crises. Somos a geração Mtv. A vida não tem nem altos nem baixos, é monótona.
Consegues ouvir? Consegues ouvir o riso dos que troçam de nós e dos nossos irmãos? É como um grito agudo de dor que nos fura os tímpanos, fere o cérebro e nos ensurdece. O que fazer então a esse riso de escárnio martirizante? Desmenti-lo.
Temos de acordar para o que acontece. Temos de arir os olhos, desproteger a alma para a vida porque só assim conseguimos vivê-la. temos de sentir os altos e baixos para os podermos enfrentar e para conseguirmos cuidar de nós. Porque não vamos ter ninguém que cuide de nós no amanhã - nem mesmo Deus.
Consegues ouvir? Consegues ouvir a reacção daqueles que riam da nossa vida? Pois agora riem-se ainda mais e não acreditam que temos a força ou sequer a capacidade de mudar o que quer que seja. Riem-se porque se julgam sabedores de tudo, de como tudo funciona. E aquele riso volta a entrar pelos nossos ouvidos furando e destruindo tudo à sua passagem. O riso daqueles que nada fizeram por nada. O riso dos verdadeiros frustrados. O riso dos apáticos comodistas. O riso daqueles que julgam que têm o mundo em dívida para com eles. Esses são os verdadeiros profetas do infortúnio.
E a nós resta-nos fazer com que engulam aquele riso cínico que nos fere. Resta-nos ser diferentes porque já vimos no que nos vamos tornar se formos iguais.
E não nos digam que não pudemos mudar o mundo. Pois se o mundo muda a cada instante sem mesmo nos mexermos, o que poderíamos fazer se nos esforçassemos para mudar um erro que seja?
Podemos ser filhos da frustração mas a frustração não faz parte de nós.