domingo, janeiro 30, 2005

O blog irmão, companheiro da malta está de parabéns. Vá lá, todos a dar lá um saltinho.

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Silêncio. Tudo escuta o doce som do nada. Tudo suspira em uníssono pelo prazer da ausência de ruído. As árvores, o céu, as estrelas, toda a natureza aproveita a calma da falta de som. Toda a terra se deleita com a música de uma pauta vazia e as notas de nenhum instrumento.
No meio de todo este silêncio, quase consigo ouvir os meus pensamentos. Eles gritam-me aos ouvidos, deixam-me desassossegado e enervado, transportando a minha mente para o caos de uma tempestade. Não há um único ser que não esteja em paz na terra. Nenhum, excepto eu.
A dúvida, a saudade, a tristeza, a alegria matam-me, torturam-me, deixam-me sem fôlego, sem paciência para enfrentar nada nem ninguém, sem força para aguentar comigo mesmo, sem energia para lutar.
Sucumbo sob o peso do silêncio exterior. Colapso com a balbúrdia da mente. Deito-me na cama e tento calar as vozes insistentes, as vozes pessimistas e as vozes esperançosas. Também queria eu ouvir o silêncio monótono que todas as demais criaturas ouvem, também queria eu sentir o enfadonho da paz e do sossego desleixado. Queria calar o meu interior, queria pelo menos deixar de o ouvir, nem que seja apenas pelo barulho do exterior. Queria paz, sossego, prazer na calma, queria estar acostumado à ausência de barulho. Não quero ouvir mais vozes, não quero ouvir mais gritos, não quero ouvir mais nada no interior de mim.
Vou ligar o rádio para calar a cabeça e dar sossego ao espírito. Estou farto deste silêncio.
O silêncio é ensurdecedor.

"The silence is defening" - Say something, by James.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Lua cheia. A sua luz alumiava as poucas nuvens que tinham saído do seu lar nesta escura e fria madrugada.
A coroa do céu, princesa da noite, misteriosa, olhava pelos corações separados pela distâcia, inferno frio de tão gelado quanto a madrugada.
Eu olhava para ela, e não parava de pensar em ti. Tu fazias o mesmo, lá longe, distante da vista mas não do coração. Já não era mais a beleza lunar que eu contemplava mas a tua e já não era a face do satélite que tu fitavas mas sim a minha. A magia da lua cheia fez unir num olhar dois pensamentos. A magia da lua cheia encortou as distâncias, tornou próximo o que antes estava longe, tornou iluminado o que antes estava nas trevas.
Quando olhava a lua cheia hoje, pensava em quantos mais faziam o mesmo que eu. Em quantos mais suspiravam pela beleza celeste de um outro ser humano, longe ou perto.
Ela parecia olhar para mim também. Sorria ao pensar em quantos olhavam para ela da mesma maneira que eu. Um olhar ternurento de compaixão e amor, conforto, aconchego e consolação.
A lua cheia, dona de tantos ódios apaixonados, senhora de tantos amores furiosos, olhava para mim do alto da sua altiva altivez.
A lua, misteriosa, bela. Não, não é a lua. És tu.

domingo, janeiro 23, 2005

Quase 1 da manha. A noite do meu triste sábado foi passada em frente ao pc, semelhante às noites de sempre, solitárias, tristes, vazias. Um copo de coca-cola e uma pequena sandes vão-me dando as energias necessárias para continuar a velar na secretária. Os meus olhos inchados pesam e convidam-me para o descanso dos justos mas a minha vontade de dormir é nula.
Não sei o que se passa comigo. Já nem sei se ainda existe alguma coisa em mim para além de um simples corpo, autêntico autómato. Não sei porque continuo a mexer-me sem vontade, não sei porque continuo a mover-me sem razão. Não sei.
Não tenho sequer mais vontade de sonhar. Não vale a pena. Não é realidade. Deixei de viver no sonho e mudei-me para um limbo sem espaço nem tempo, onde parece que me encontro há séculos e ao mesmo tempo há apenas alguns segundos; numa planície enorme e ao mesmo tempo num cubículo minusculo.
Não vejo o passado, não imagino o futuro. Esta omnipresência dos loucos eleva o meu mal-estar ao patamar da indiferença. Pareço já não me importar com nada, absolutamente nada. Pareço já não me importar com ninguém. Nem sequer comigo próprio. Perdi o respeito pela vida, perdi o gosto pela magia de sonhar, ganhei a dureza da realidade e o escudo da inércia.
Vivo apenas porque tenho de viver. Vivo apenas para isso mesmo.
Já não vivo para a vida.
Vivo para me manter vivo.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Vou esquecer a razão e a realidade. Vou passar a viver no sonho, na ilusão e na esperança. É mais confortável.

domingo, janeiro 16, 2005

Afinal a história já acabou, eu é que ainda não me tinha apercebido disso.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Ele caminhava calmamente, na praia,descalço, calcorreando a areia molhada pelo sal do mar e pela impureza da chuva. Cabisbaixo, triste e sonhador, arrastava os pés sem vontade de continuar a viver naquele estado. Se não fosse tão cobarde, tentaria mesmo o suicídio que assassinava tantos jovens da sua idade. Ocasionalmente, olhava para o mar seu fiel amigo e companheiro, exugador sempre pronto das lágrimas tristes de seus olhos, consolador do seu pobre coração desfeito por um qualquer maremoto de nome próprio bem feminino.

Ela, corria na esperança de ainda o encontrar. As lágrimas arrependidas escorriam dos seus olhos para a areia marcada pelas pegadas tristes dele. A tristeza dele inundara-a de tal maneira que estaria mais seca e imune de culpas se estivesse no mar. Corria o mais rapidamente que as suas pernas permitiam. Começou a ver um vulto que parara mais à frente e contemplava o céu corporalmente desesperado. "É ele" pensou. "Porque é que eu fiz aquilo?" A culpa, o arrependimento mas principalmente o amor, tomaram conta dela.

"Porquê?" bradava ele aos céus furioso com o Divino. "Porquê eu?" Sentou-se a chorar. A tristeza já o havia matado. Não era mais necessário o suicídio. Ouviu então uma voz: "Desculpa..." voltou-se e levantou-se num instante. Ela sorria para ele, pedindo perdão com uma expressão que clamava por si própria. "Desculpa... eu estava errada." Abraçaram-se apertando-se sem vontade de alguma vez se largarem. "Quero mudar a minha resposta, desculpa... eu não me tinha apercebido..."
Beijaram-se. Um beijo longo e apaixonado. Os seus corpos fundiam-se e deixaram naquele momento de ter dois corações mas apenas um único. Sorriram os dois, limpando as lágrimas um ao outro.
"Amo-te" disse ela.
"Amo-te" repetiu ele.

Talvez um dia o amor real se assemelhe ao dos livros.

Apesar de tudo, ainda acredito, ainda tenho esperança. Mesmo depois de tudo o que aconteceu e não devia e do que deveria mas não aconteceu, mesmo depois disso tudo, ainda acredito, ainda mantenho a esperança. Já estive num poço bem mais fundo e já consegui sair de lá, não vai ser este pequeno buraco que me vai tirar a esperança de continuar num caminho até à pouco tempo impensável.
Não vão ser estes pequenos atrasos que me vão demover da minha esperança inacreditavelente renovada. Acredito e vivo da minha esperaça, ela é tudo o que me resta. É tudo o que me ainda sustenta e é tudo o que me mantém com fé na beleza da vida.
À pouco, enquanto brincava com as cordas da minha guitarra e fazia uma analepse do passado recente, sorri quando me apercebi que aconteceu mais e progredi mais nas últimas duas semanas que nos últimos dois anos. 2005 começou bem para mim. Melhor do que eu alguma vez esperava. 2005 trouxe-me esperança, trouxe-me vida e trouxe-me energia para continuar, energia para lutar. E mesmo depois dos últimos percalços, mesmo depois dos últimos obstáculos, ainda acredito e mantenho a esperança de que venha tudo a correr pelo melhor.
Apesar de tudo, ainda sonho e continuo sonhador num futuro melhor.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Parabéns para mim...

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Only pain is real. Not love, not anything. Only pain. Only pain is reality, only in pain we can trust and only in pain we can live.
You don't have to tell me why, you don't have to give me a reason. You have just taught me that only pain is worthwhile and only in pain we can survive. And I thank you for that. You get me of that stupid non-real sensation of happiness that haunts the reality of the those stupid dreamers that still believe in love. Like I do. I don't understand yet that only pain is real, that love isn't more than just an illusion. I don't understand yet. But thanks to you, I'm very close to belive that only pain is real.

Mood goten from "Only pain is real" by Silence4 and my own stupid and sad life.

domingo, janeiro 09, 2005

Maldita alma artística que me impedes de ver a felicidade sempre que ela está tão perto. Maldito espírito péssimista que acaba sempre por levar a melhor sobre mim. Maldita falta de sorte que me assombra mesmo nos momentos de maior fortuna. Malditos.

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Ás vezes gostava de não ser tão péssimista. Acaba-se sempre por voltar contra mim.

Agora ao olhar para trás, continuo sem conseguir distinguir com precisão o sonho da realidade. Tudo me parece absolutamente confuso, maravilhoso e ensurdecedor. É como se fosse uma fantástica pintura manchada por um copo de água que misturou as tintas, uma fotografia do cenário mais belo mas que havia sido mal focada. A minha memória é o papel onde um qualquer escritor louco escreve as suas ideias, despeja todos os momentos fantásticos e toda a agonia da espera que lhe vêm à ideia, sem qualquer tipo de ordem ou nexo. Tudo me parece estranhamente belo e maravilhosamente irreal. Sinto-me preso aos momentos que marcaram a última semana mas não consigo esquecer os que marcaram os últimos meses. Ainda me custa a acreditar que tudo tenha mudado, tudo tenha dado uma volta tão radical em tão mísero espaço de tempo. E agora, esta espera agonia-me, deixa-me num transe, preso entre a realidade e a imaginação de onde não consigo sair. Deixa-me no desespero dos conhecedores e na felicidade dos ignorantes. A única coisa que eu sei ao certo, é que estes foram até agora, os momentos mais felizes da minha vida.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Enquanto entrava na divisão de um casarão que me era estranho, vi o reflexo da lua cheia por entre uma janela entreaberta, cegando os meus olhos habituados a uma escuridão confortável. Assim que consegui novamente ver, vi-te sentada a um canto, soluçando. A atmosfera musical à nossa volta era a mais bela de todas, o silêncio. Olhaste-me nos olhos assim que pressentiste a presença de alguém naquele quarto tão teu como meu. Levantaste-te de um salto e começaste-te a dirigir em minha direcção, calmamente, torturando-me com um futuro imprevisível. Assim que foste iluminada pelo luar da lua cheia, vi no canto dos teus olhos uma lágrima envergonhada e sofrida. Estremeci com a noção da tua humanidade. Estavas cada vez mais perto e cada vez andavas mais devagar. A lágrima que se escondia no canto dos teus olhos escorregou pela tua face, envergonhada dos erros cometidos. O sorriso envergonhado foi-se alargando, ocupando a largura da tua cara, mostrando o arrependimento e a certeza de melhores tempos. Já sentia o teu perfume como não sentia há tanto tempo, perto de mim. Podia quase que ouvir o teu coração a bater mais e mais forte a cada passo que te aproximavas de mim.
A sala permanecia escura à nossa volta, iluminada apenas pelo ténue luar da lua cheia, fantástica e grande naquela noite. A música silenciosa tinha terminado, havia sido substituída pelo ruído dos teus passos e pelo bater do teu coração.
Finalmente chegaste ao pé de mim. Paraste por segundos. Eu não movi um único músculo, como aliás ainda não havia feito desde que tinha entrado naquela sala, ou quarto ou o que quer que fosse. Abraçaste-me num impulso com força que eu julgava que não tinhas e sussurraste-me ao ouvido um “desculpa-me” triste e amargurado, nu de orgulho. Respondi-te com um abraço forte e carinhoso. Foste balbuciando mais e mais “desculpa-me” e eu abraçava-te cada vez mais. Afastaste-te um pouco, sem te largares de mim. Olhaste-me novamente nos olhos, numa expressão de quem pede perdão. A lágrima envergonhada era agora uma torrente de água como eu nunca tinha visto em ti. Os teus olhos negros, misteriosos, penetravam nos meus, castanhos, alegres de te reencontrar finalmente. Aproximas-te a tua boca da minha, lentamente, e os teus lábios tocaram os meus, a medo, num beijo de perdão, de tristeza e insegurança. Olhaste-me uma vez mais nos olhos, como que a perguntar se estarias a fazer a coisa correcta. Beijaste-me novamente, desta vez mais segura, mais apaixonada, num beijo mais longo e sentido. Fechavas os olhos enquanto me beijavas, martirizando-te por não o teres feito mais cedo. Sentamo-nos no sofá manhoso que estava no canto daquele casarão desconhecido, e permanecemos toda a noite, abraçados, trocando histórias e razões para não nos termos rendido mais cedo.
E desde que havia entrado naquela sala, eu não consegui deixar de pensar em como estava a lua bela naquela noite. Quase tão bela como tu.

Livre tradução e adaptação de um texto que escrevi aqui anteriormente em Inglês feita para o Escreva!, num dos desafios do mês. Pareceu-me adequado ao momento. E é um dos meus textos preferidos.

It was such a cold afternoon that day.
Trains and people, crying and laughter, all in one unique place, a simple railroad station.
Hugs, so many hugs and tears, all in one. So many goodbyes, so many "see you never more". Such a mix of emotions that even I, probably the most tuff human being in the whole planet, have been sensibilized by it.
And that could be just one more afternoon in that unique place of every week. It could be just one simple goodbye, repeated weekly every time you go away. But it wasn't.
It was so damn cold that our usually frindly hug of goodbye kept getting stronger and stronger, tighter and tighter, until you and I were so close that seemed just one person. We look each other on the eyes and then it happened. Simple and beautiful, like love should be.

O "Era uma vez um rapaz em imagens" mudou de servidor. Agora é aqui, no bom e velho blogger.

domingo, janeiro 02, 2005

Este capítulo em particular da história da vida deste rapaz está mais próximo do seu fim que nunca. Dois finais apresentam-se como possíveis: a clichézisse de um fim feliz e a possibilidade artística de um fim menos aclamado, com base na desilusão e sofrimento renovado. Eu cá estou disposto a pôr o meu espírito de artista de lado e voto num final clichético.
Quem estiver comigo que diga "boa sorte!".

sábado, janeiro 01, 2005

Após alguns tempos sem escrever qualquer tipo de coisa, venho agora nesta madrugada escrever as primeiras linhas de 2005. Honestamente, não sei muito o que vos dizer para além de que desejo a todos quanto me costumam ler um muito feliz 2005. E para além disso, que nestas primeiras horas de 2005 me aconteceu algo que eu já esperava há muito tempo, mas que nestas circunstâncias, não foi propriamente algo de muito bom. Apenas especial. Pode ser que signifique algo mais, mas o provável é que não. Anyway, bom 2005!