domingo, outubro 31, 2004

O tempo tudo cura. Acabei de me aperceber disso. Não há problema que o tempo não resolva, não há dor que não passe com o tempo e não há ferida que não cicatrize, muito embora continue a doer sempre que lhe tocamos.
Descobri, com agrado, que tudo com o tempo acaba por se esbater até à inexistência. Agora, quando olho no espelho já não vejo um olhar de dor, mas o olhar frio de quem já sofreu mas não pena mais. O olhar cessou de mostrar a dor e eu decidi-me a não sofrer mais, por nada. Nada merece o meu sofrimento, não há coisa no mundo que me possa fazer derramar uma lágrima mais. Egoísmo? Talvez, mas eu prefiro chamar-lhe de auto-defesa. O tempo acabou finalmente com a pena que eu tinha por mim próprio.
Agora, com tanto tempo volvido, quando olho novamente para ti, não sinto mais nada. Nem raiva, nem paixão. Nem dor nem desejo. Não sinto nada. E quando olho para trás é o mesmo que olhar para um filme que nunca vivi. Tudo é muito bonito e triste, mas para mim não passa disso mesmo. Não sinto nem pena, nem saudade. Nem nostalgia e muito menos derrota.
O tempo tudo cura e com o passar do tempo, tudo acaba.

Eu gosto do Inverno. É verdade, gosto. O Inverno sempre me deu coisas boas toda a minha vida, sempre me deixou um sorriso no rosto, mesmo naqueles dias mais cinzentos, ao contrário do Verão. Embora practicamente toda a gente pense o contrário, não gosto assim tanto do Verão. Para ser sincero, a principal razão pelo meu anseio pela estação sempre foi com o motivo obscuro das férias, não propriamente o suposto bom tempo. Não houve até agora qualquer Verão na minha vida que me deixasse boas memórias. O único ano que puderia ter sido considerado de razoável foi o do ano passado, que no entanto foi obscurecido pelo horror que foi este Verão.
Sempre fui muito ingrato com o Inverno e nunca desejei tão ardentemente por ele como nestes dias. Desculpa estação querida que me amas, desculpa pela ingratidão. Perdoa-me os dias em que te culpava pelos meus males e obrigado por mesmo assim me dares alguns dos melhores momentos da minha vida. Agora, vou aproveitar-te realmente.
Vou deitar-me, olhar para o tecto ou ler um livro enquanto ouço o doce cantar da chuva cortada pelos silvos do vento zangado sugerindo um frio distante, bem longe da minha casa quente e acolhedora. Vou enroscar-me numa manta no sofá a ver um filme e a comer pipocas. Vou simplesmente olhar pela janela, ver os dias cinzentos e frios que me trazes e vou sorrir porque te adoro.
Vou fazer tudo isto.
Sozinho.

sábado, outubro 30, 2004

Estou naqueles dias em que me sinto estranha e completamente vazio. Sem uma disposição que me defina, vagueio pela vida sem objectivo, sem rumo. Parto para o destino que desconheço, percorro caminhos que nunca percorri antes. Sem alma nem vontade. Sem desejo ou força. Fujo de nada para nada. Não quero parar e quero continuar a sorrir. E sorrio, mas sem motivo. Sorrio apenas porque é mais confortável para mim e para os outros. Sorrio um sorriso vazio e sem alma, espelho de mim próprio. E mesmo sem motivo para continuar, não quero parar, quero manter o sorriso vazio e feliz na cara, por mais sozinho que seja. Quero manter a sombra de esperança no meu olhar, mesmo sem razões para acreditar na sua existência. Quero continuar o caminho sem rumo e não quero parar. Não posso parar.
Hoje estou feliz, de uma felicidade sem motivo ou razão.
Hoje estou feliz, porque um dia já estive mais triste.

quarta-feira, outubro 27, 2004

I still want to go somewhere only we know. It's funny how, after all I've been trough, I still want us to work out. I want to meet again the simple things that we used to love. I still want to hear your voice saying: "We should talk". I still want to go somewhere only we know, and talk. I still have hope that you think the same way as I do. I think that I didn't realised yet that this was the end of everything. I still want to go talk about it somewere only we know. I can't see that I don't know you're face anymore. I didn't noticed yet that we're over.
We might as well be strangers in another time, and we might as well be strangers in another place.
I don't understand you anymore. I don't know you anymore, my heart doesn't know you anymore.
For all I know, we might as well be strangers.

Mood by We might as well be strangers and Somewhere only we know by Keane

É engraçado como num minuto nos julgamos perfeitamente bem e no minuto seguinte descobrimos que afinal não estávamos assim tão bem. É engraçado como uma coisa tão pequena como um simples toque ou um olá insignificante podem ser a ignição para uma reacção de que não estávamos à espera. Apercebi-me disso ainda à pouco. Estava calmo e com uma sensação de segurança incrível por detrás de um muro construido em pedra por mim. Até que veio uma lufada de vento que me fez aperceber de que o muro não era de pedra mas sim de papel. É estranho que a segurança não passe de uma ilusão inventada pelo nosso cérebro para nos acalmar. A segurança é uma ilusão para mim neste momento.
Uma ilusão de força que não há em mim.

segunda-feira, outubro 25, 2004

Olhei pela janela. Vi a sombra bela do pôr-do-sol no horizonte alaranjado e a nostalgia voltou a atacar-me. Mas não uma nostalgia deprimente, triste e saudosa como me costuma aparecer mas sim uma nostalgia feliz. Já não sinto falta daquilo que passei, antes sinto falta daquilo que sentia. Sinto falta daqueles finais de tarde em que me debruçava na janela do meu quarto só para poder ver o pôr-do-sol com um sorriso nos lábios com o pensamento longe, muito longe. Tenho saudades de adormecer todos os dias com um sorriso nos lábios, ansiando para que o amanhã chegasse, só para poder ver aquela face, poder ouvir aquela voz de novo. Queria voltar ao tempo em que sonhava e deixar este presente pragmático onde hoje me vejo. Queria voltar ao tempo em que de manhã à noite o meu pensamento fosse o mesmo. Quero me apaixonar novamente, quero voltar a acreditar novamente numa coisinha chamada amor. Sinto falta disso.
Sinto falta de sentir falta de ti.

domingo, outubro 24, 2004

É verdade. Também tenho uma faceta bem-disposta. E também gosto de escrever humor. E além disso sou viciado em criar e personalizar novos blogs. Enfim, tudo isto para vos dizer que tenho um novo blog pseudo-humurístico de seu nome Linguagem T. Apareçam por lá se quiserem. Se não aparecerem também não perdem nada de especial. A decisão é vossa.

domingo, outubro 17, 2004

O que eu não dava para seguir em frente. O que fosse preciso eu fazia só para esquecer tudo e prosseguir com a minha vida. Só queria retirar todos os restos de sentimento que ainda residem, sejam eles de amor ou ódio, ou de outra coisa qualquer, e libertar a minha cabeça e o meu coração deste peso infernal, para poder voltar a erguer a cabeça novamente e voltar a carregar com o meu coração sem dificuldade. Só queria por um ponto final nesta frase já com demasiadas orações para terminar finalmente este parágrafo dolorosamente longo da minha vida. Já tive a minha conta, agora queria esquecer e ser feliz. Agora queria viver para mim para variar. Só quero esquecer. Esquecer tudo. Esquecer os momentos bons, para não haver nostalgia. Esquecer as alturas más, para não haver ódio. Esquecer os tempos razoáveis para não sentir falta de nada. Esquecer os sonhos e os pesadelos. Esquecer os dias bons e as noites inesqueciveis. Esquecer os dias horríveis e as noites de desilusão. Esquecer tudo. Esquecer, porque esquecer sempre é melhor do que sofrer.

quinta-feira, outubro 14, 2004

Porque é que o tempo não volta para trás? Porque é que somos obrigados a viver para sempre no arrependimento? Será que não era mais fácil de optar se conhecessemos as consequências directas e indirectas das nossas accções? Teremos que ser obrigados a sofrer por uma estupidez que nos deixamos cometer há quase dois anos atrás?
Quem me dera voltar atrás no tempo e impedir-me de me apaixonar. Quem me dera pelo menos arriscar antes de mergulhar neste caldeirão de borbulhenta dor. Quem me dera voltar atrás pelo menos para saborear melhor as pequenas alturas boas que tive, uma, duas ou três vezes, as vezes que fossem necessárias para que tudo isto que estou a viver (ou que não vivo) agora valesse a pena. Quem me dera voltar atrás para procurar uma razão. Mais nada.
Só precisava de uma razão.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Esta manhã, quando voltava para casa, foi quando me atingiu. Atingiu-me como se fosse uma rajada de vento frio no meu corpo desprotegido. Atingiu-me como se fosse uma especie de frio caloroso que nos deixa um sorriso nos lábios mas que faz a vida voltar para trás.
Esta manhã lembrei-me das alturas boas do Inverno, lembrei-me dos aconchegos, dos abraços quentes, das mantas mútuas. Lembrei-me das sessões de cinema, dos filmes melosos e das pipocas partilhadas. Lembrei-me que houve coisas boas, muito boas, para além das coisas péssimas. Lembrei-me que houve alturas em que fui realmente feliz, onde o sorriso dos meus lábios não era um disfarce mas uma característica. Lembrei-me de desejar ardentemente ouvir a tua boca dizer o meu nome, ouvir o teu coração aquecer o meu. Lembrei-me de que senti muito mais do que pensava ter sentido. Lembrei-me de que sou filho do Inverno e de que ele sempre foi bom para mim. Esta manhã, lembrei-me de ti.
Mas com o frio no pescoço veio também o enregelamento do coração e do pensamento. Veio a noção de que tudo isto acabou.
Para sempre.

domingo, outubro 10, 2004

1000 visitas. Nunca pensei chegar a este número em apenas 5 meses. Obrigado a todos os que me visitam e me deixam mensagens e obrigado a quem me visita mas não escreve nada. Sem vocês precisaria de 1000 dias para chegar a este número, tinha que entrar no meu próprio blog uma vez por dia para contar como visita. E sem vocês provavelmente, certos dias da minha vida teriam sido bem mais difíceis!
Obrigado!

Não se pode voltar atrás. Acabou-se de vez. Não há caminho que me leve de volta às recordações cor-de-rosa de um dia mais feliz. Acabou-se a magia, acabou-se a esperança. Não há maneira de fazer retornar as coisas à situação em que estavam. Ao contrário do que pensava, não me tinha desviado do caminho de forma reversível; o que fiz, ou melhor, fui levado a fazer, foi ter ido parar a uma auto-estrada cuja única saída é o abismo da dor e da derrota. E é isso que hoje me resta. Isso e a esperança de que o veículo avarie e que me force a chamar a assistência técnica que me aconselhará a voltar para trás. Mas isso não vai acontecer. Vou chegar ao destino que não é meu e vou cair num abismo que não me pertence. Não adianta mais sonhar com os dias passados com um sorriso na cara. Não adianta mais olhar para o telemóvel na esperança de receber uma mensagem que me diga que afinal esta estrada não tem o destino que penso que tem. Resta-me apenas desejar que a estrada tenha um fim rápido e esperar que junto com o abismo venha uma morte rápida e indolor.
Não se pode voltar para trás neste caminho. Não posso voltar atrás.

sábado, outubro 02, 2004

Não liguem. Foi só um pequeno desabafo, pacífica arma da fúria.

AAAAAAAAHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!