sexta-feira, julho 28, 2006

Na noite encontro-me. No escuro consigo ver a sombra da minha alma. Apenas no escuro.
No breu tenho a luz para olhar dentro de mim e descobrir quem já lá não contava que estivesse.
Mas está. Nunca saiu de mim aquele que se julgava eu. Aquele que eu próprio confiava ser a minha pessoa.
E era. É. Não completa, mas parte importante de mim. Julgava ter perdido essa parte. Não sabia onde a havia posto, não sabia que tinha ela feito de si própria.
Estava apenas encoberta pelas outras que ganharam mais importância. Mas sempre em mim, esperando ser chamada. Essa parte, esse lado, vejo-o na noite. Vislumbro-o no escuro. Às vezes, muitas, só depois de bastante embebido em alcool. Outras, não tantas, apenas com a força do desejo de encontrar aquele lado contrário ao normal.
O lado não habitual. O lado diferente.
Esse, a que chamam de lado esquerdo, o oposto do direito.
Julgo tê-lo encontrado, finalmente. Reencontrá-lo, se assim preferirem.
O meu lado esquerdo sempre fez parte de mim. Só me esqueço às vezes que está ao lado do direito.
Encontrei o meu lado esquerdo.