quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Estarei com a sensação que tudo não passou de um simples sonho? Estou. Estarei certo? Não sei. O que eu sei é que tudo parece estupidamente longínquo, quase que vindo de uma outra dimensão. Tudo está tão diferente do que era. Diferente do que foi.
Toda a história parece saída de um daqueles sonhos em que quando acordamos não sabemos se foi um sonho muito bom ou um pesadelo muito mau, tal é a confusão de histórias e acontecimentos, a sucessão de factos muito felizes e extremamente penosos.
Sinto-me assim, como que acabado de acordar, deparado com uma realidade estranhamente diferente e insensível ao meu estado, ainda ensonado. Sinto-me atordoado perante uma realidade que se me apresentou como dona e senhora da minha vida, pouco se importando com as minhas quezilas emocionais, com o meu estado de espírito com a minha fraqueza.
Como se tivesse levado um abanão, levanto-me de rompante, fazendo um esforço tremendo para tentar enfrentar a realidade da vida e esquecer tudo o que passei durante aquele misto de tristeza e felicidade que foi o meu sonho. Mas claro, não consigo de imediato. Volto a cair agarrando-me aos lençois, tentando encontrar em cinco minutos mais, as respotas que andei a procurar durante toda a noite. É claro que não consigo e o tempo não espera por mim. Os cinco minutos fazem-se dez e depois vinte e a realidade não espera pelas respostas que procuro. A vida de sensibilidade insensível não pára para esperar por mim. A realidade do dia-a-dia não espera que eu acorde.
Mas eu não quero acordar já. Não enquanto o sonho não tiver um fim, não enquanto não encontrar respostas.
O problema é que a realidade da vida nem sempre é um sonho e os lances de ilusão dissipam-se nas malhas do tempo.