domingo, janeiro 23, 2005

Quase 1 da manha. A noite do meu triste sábado foi passada em frente ao pc, semelhante às noites de sempre, solitárias, tristes, vazias. Um copo de coca-cola e uma pequena sandes vão-me dando as energias necessárias para continuar a velar na secretária. Os meus olhos inchados pesam e convidam-me para o descanso dos justos mas a minha vontade de dormir é nula.
Não sei o que se passa comigo. Já nem sei se ainda existe alguma coisa em mim para além de um simples corpo, autêntico autómato. Não sei porque continuo a mexer-me sem vontade, não sei porque continuo a mover-me sem razão. Não sei.
Não tenho sequer mais vontade de sonhar. Não vale a pena. Não é realidade. Deixei de viver no sonho e mudei-me para um limbo sem espaço nem tempo, onde parece que me encontro há séculos e ao mesmo tempo há apenas alguns segundos; numa planície enorme e ao mesmo tempo num cubículo minusculo.
Não vejo o passado, não imagino o futuro. Esta omnipresência dos loucos eleva o meu mal-estar ao patamar da indiferença. Pareço já não me importar com nada, absolutamente nada. Pareço já não me importar com ninguém. Nem sequer comigo próprio. Perdi o respeito pela vida, perdi o gosto pela magia de sonhar, ganhei a dureza da realidade e o escudo da inércia.
Vivo apenas porque tenho de viver. Vivo apenas para isso mesmo.
Já não vivo para a vida.
Vivo para me manter vivo.