sexta-feira, janeiro 28, 2005

Silêncio. Tudo escuta o doce som do nada. Tudo suspira em uníssono pelo prazer da ausência de ruído. As árvores, o céu, as estrelas, toda a natureza aproveita a calma da falta de som. Toda a terra se deleita com a música de uma pauta vazia e as notas de nenhum instrumento.
No meio de todo este silêncio, quase consigo ouvir os meus pensamentos. Eles gritam-me aos ouvidos, deixam-me desassossegado e enervado, transportando a minha mente para o caos de uma tempestade. Não há um único ser que não esteja em paz na terra. Nenhum, excepto eu.
A dúvida, a saudade, a tristeza, a alegria matam-me, torturam-me, deixam-me sem fôlego, sem paciência para enfrentar nada nem ninguém, sem força para aguentar comigo mesmo, sem energia para lutar.
Sucumbo sob o peso do silêncio exterior. Colapso com a balbúrdia da mente. Deito-me na cama e tento calar as vozes insistentes, as vozes pessimistas e as vozes esperançosas. Também queria eu ouvir o silêncio monótono que todas as demais criaturas ouvem, também queria eu sentir o enfadonho da paz e do sossego desleixado. Queria calar o meu interior, queria pelo menos deixar de o ouvir, nem que seja apenas pelo barulho do exterior. Queria paz, sossego, prazer na calma, queria estar acostumado à ausência de barulho. Não quero ouvir mais vozes, não quero ouvir mais gritos, não quero ouvir mais nada no interior de mim.
Vou ligar o rádio para calar a cabeça e dar sossego ao espírito. Estou farto deste silêncio.
O silêncio é ensurdecedor.

"The silence is defening" - Say something, by James.