domingo, agosto 13, 2006

E é num quarto escuro que vejo a penunbra das tuas formas. O verbo utilizado é talvez um exagero; pressentir é provavelmente muito mais adequado à situação em questão.
Ouço o arfar do teu peito e no sob e desce das tuas curvas os meus olhos perdem-se. Estou absolutamente hipnotizado. Irónico, não? Um céptico finalmente rendido aos fenómenos inexplicáveis à sua compreensão mortal.
No teu beijo carregas toda a paixão e desejo que nem sequer tu consegues esconder. Sinto cada mililitro de fluído no meu corpo correr cada vez mais velozmente ao ritmo descompassado daquele músculo, suposto vermelho, que tem por função bombear alimento para todas as células de todo o corpo.
E como ele é belo. O teu, obviamente. Queria ser alguém nesta vida para conseguir encontrar as palavras que o teu corpo merece. Se é que as há.
Tudo em mim se contrai ao sentir o leve roçar do teu toque. Só a idéia de que a cada segundo estás mais perto de mim é suficiente para me levar ao Nirvana procurado por todos os hindus que conheço. Felizmente, eles não te conhecem a ti.
Os nossos corpos colados tornam-se então num só; as nossas respirações cantam em uníssono; os nossos movimentos não se distinguem; a minha boca não larga nem quer largar a tua; as minhas mãos percorrem os poucos centímetros da tua pele que a minha não consegue cobrir.
A minha sede de ti é incontrolável, bem como todos os músculos do meu corpo que são agora propriedade do teu. Fazes o que queres de mim e eu quero mais. Este tipo de momentos, por mim e por ti, durariam para sempre.
E duram, sem dúvida, nos nossos corações. Mas agora meu amor, agora, é hora de nos entregarmos um ao outro e ao repouso, agarrados a noite toda, unos, com a mesma respiração, os mesmos movimentos. Sou teu.