sexta-feira, março 17, 2006

Ouço a chuva a bater na janela e o vento a assobiar por entre os prédios. Sim, por entre os prédios, não me enganei. Afinal, já não restam muitas árvores para que o vento assobie por entre elas.
É de noite, quer dizer, pelo menos está escuro. Não sei que horas são nem tenho pressa de saber. O tempo é uma ilusão.
Estou sozinho em casa. Grito para as paredes para me sentir acompanhado pelo seu eco. E recebo o eco mas continuo sozinho em casa. E continua a chover lá fora e o vento continua a soprar e a falta de claridade permanece.
Sinto que não faço a minha parte para que tudo permaneça como está mas o mundo gira apesar de mim. Sinto que não estou a ocupar a minha posição na vida mas ainda assim a vida persiste.
E a "Chuva Oblíqua" do Fernando intensifica-se. O ruído ensurdecedor das paredes caladas é temperado pelo ruído relaxante da água nos vidros.
Acho que vou lá para fora. Para a chuva, para o vento, para o escuro. Já não me aguento protegido em casa. E se estivesse cá mais alguém já não me aguentava também.
Estou farto de estar protegido quando a vida passa lá fora.