quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Só o azul se estende à minha frente. Um azul móvel, revolto de branco, silencioso de tão barulhento. Descanso no mar azul os meus olhos cansados do urbano mundo onde habito. O meu corpo habituado aos encontrões do metro e à corrida do dia-a-dia encontra na areia grossa a cama mais confortável. A mente divaga acerca dos quandos, comos e porquês que me atormentam a vida e perde-se no caminho das respostas. E não vejo mais ninguém naquela praia que me possa fazer voltar ao mundo do real.
Não passavam nem duas horas de companhia de mar quando te vejo, ao fundo, não mais que um vulto ainda. Levanto a cabeça, intrigado com a tua presença. Vais-te aproximando com aquele brilho de Deusa que secretamente julgo ser o único a notar. A camisola fina que trazes vestida esvoaça ao sabor do vento, dançando com as ondas.
Vais-te aproximando, aproximando... Levanto-me para te receber com um sorriso. Abraças-me e atiras-me de novo para a areia. Deitas-te por cima de mim e desta vez és tu quem carrega o sorriso. A tua mão percorre cada centímetro e recanto da minha pele. O teu beijo parece mais adocicado. Na areia, somos um. E com o movimento das ondas batem os nossos corações acelerados de paixão.
Respiro sobre o teu pescoço. A tua cabeça ondula com o movimento do meu peito e eu sinto pelo teu respirar o adormecer.
E adormeço também com os olhos postos no céu.