quarta-feira, outubro 05, 2005

Nem sempre é fácil dizer as palavras mais fáceis de dizer. Nem sempre é fácil exprimir aquilo que achamos que toda a gente sabe. Porque toda a gente sabe, é mais difícil libertar a língua para o óbvio. Mas às vezes sabe bem apontar o óbvio. Às vezes é bom ouvir o que toda a gente sabe vindo da nossa boca.
E sabe bem abrir o coração e deixar escapar as palavras que toda a gente conhece, que toda a gente banaliza, pela boca. Sabe bem, uma vez por entre outra, abrir a auto-estrada do coração à língua. Dizer o que se sente. Exprimir oralmente aquilo que queremos que o outro saiba já de antemão. E que sabemos que ele sabe. E sabemos que ele sente. Mas queremos mesmo assim que ele ouça. Porque também sabe bem ouvir. Sabe mesmo muito bem ouvir aquilo que já se sabe. Aquilo que sabemos que o outro sente lá dentro no coração. Aquilo que sentimos também. E é por isso que é tão difícil exprimir isso. Porque dizemos o que pensamos, não o que sentimos. E raramente sentimos o que dizemos. Mas quando isso acontece, é bom dizer. E é bom escutar.
E mesmo que ninguém diga nada, também não faz mal. Porque eu sei o que o teu coração me quer dizer e tu sabes o que o meu te quer falar.