
sexta-feira, julho 08, 2005
O mundo cai. Terror, pânico e medo substituiram o nosso calmo dia-a-dia. Explosões, derrocadas, fogo e vermelho por todo o lado. Gritos de dor, não de prazer, ensurdecem os mudos. E depois o silêncio do medo. É querer gritar e não poder. É estar emudecido pelo terror de morrer. Mais explosões. Mais gritos. Mais dor. O calor anormal do pânico cobre tudo e todos. O sangue cobre tudo e todos. Mas não é o nosso sangue: é o sangue de quem está à nossa volta. O nosso há-de estar algures, espalhado talvez num vidro, talvez noutra pessoa qualquer. E não conseguimos sentir as nossas feridas mas mesmo assim gritamos de dor porque sabemos que a morte está próxima. E não nos ouvimos gritar porque estamos asfixiados por um corpo já morto. E mal conseguimos respirar porque já não temos forças. E gritos e mais gritos de morte que não conseguimos ouvir porque já só nos apetece fechar os olhos e descansar. E vemos alguém aproximar-se, voluntário, mas já não ouvimos o que disse porque fechamos os olhos para descansar. Porque estávamos já cansados de tudo aquilo. E já não havia forças. E sentiamos a vida a escorrer em cada gota de sangue que perdiamos, em cada grito de dor, em cada expiração. Fechamos os olhos para descansar. Para sempre.
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