sábado, novembro 13, 2004

Noutro dia, antes de adormecer, recordei o tempo passado. Recordei aquelas alturas em que te podia ligar sem dar parte de fraco, lembrei aquelas alturas em que sonhava contigo acordado e andava sempre com um sorriso na cara e um lanho no coração por estar tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Recordei aquelas alturas boas que passamos, quando viamos um filme abraçados , quando passeavamos de mãos dadas e quando por "acidente" nos beijava-mos, vezes sem conta. Lembrei-me daquela noite em que me apaixonei por ti e daquela noite em que preferia não me ter apaixonado, mas sem mágoa ou dor ou qualquer tipo de rancor adormecido, apenas com pena das coisas terem terminado deste modo, com pena de ter sofrido tanto sem que tu merecesses. Lembrei-me outra noite, enquanto adormecia das conversas parvas que tinhamos, só para ouvirmos a voz um do outro, lembrei-me da noite de Abril que passamos completamente em claro, só a falar e a reparar um no outro. Lembrei-me da maneira como te costumavas sentar em cima de mim, da maneira como te deitavas sobre mim enquanto viamos um filme e da maneira como tu me deixavas repousar a cabeça no teu regaço enquanto eu observava as estrelas. Lembrei-me, há umas noites atrás, de que não era realmente feliz, mas apenas tinha estes pequenos momentos de felicidade verdadeira. Lembrei-me que sofria também bastante naquele tempo, no tempo em que eramos amigos verdadeiros. Sofria por isso mesmo, por sermos amigos e não mais. Agora que perdi isso involuntariamente, vejo o quanto era importante e apercebo-me de que precisava muito de ti, mais e de uma maneira diferente da que eu imaginava. Mas agora estás longe, tanto do coração como da vista, e eu não posso fazer nada quanto a isso. Tens de ser tu a percorrer esse caminho, tens de ser t,u que te afastaste, a voltar para trás. Agora, nem com toda a vontade do mundo eu posso fazer alguma coisa por nós. Tanto é, que noutra noite, quando as saudades apertaram ao máximo, a única coisa que pude fazer foi recordar os momentos bons que passamos e imaginar que já tinhas voltado e que estavas ali ao pé de mim, enquanto que o telemóvel parecia ganhar vida e quase que ligava para ti, sem autorização. Não te liguei nem disse nada. Podia ser que estivesses a passar pelo mesmo, gostava que sim. Mas nesse caso não vou quebrar, não vou percorrer um caminho que não é meu. Tens que ser tu a fazer isso. Eu limito-me a recordar.
Na outra noite, tive saudades tuas.