domingo, novembro 07, 2004

Sinto-me tão sozinho esta noite que a noite me parece mais escura e o silêncio mais pesado. Sinto o peso do negro nos ombros e quando olho à volta à procura de uma saída só encontro as trevas. Sinto-me sozinho e perdido esta noite, engolido pela madrugada solitária e triste passada em frente a um ecrã de um computador que parece ser o meu mais fiel companheiro. Olho pela janela e o futuro ainda parece mais escuro do que o presente, embora se vesilumbre uma ténue luz que tenta iluminar o caminho do mais incauto dos viajantes. Sinto-me tão sozinho esta noite que me apetece pegar no telefone e ligar para mim mesmo, para sentir que aindo me preocupo comigo. Sinto-me tao sozinho, que a minha cama parece ser maior do que quando era pequeno. Sinto-me perdido e triste, fechado numa parede de solidão e pregado a um sorriso de alegria vazia e hipócrita. Ah, o que eu sinto falta de amar alguém ou alguma coisa. Quem me dera ter alguém em quem pensar num olhar saudoso em vez de descarregar a minha frustração de solitário no teclado inocente. Sinto-me tão sozinho esta noite que até sinto a falta de sentir falta de ti. Ou talvez, sinta mesmo a tua falta. Já não sei. O facto de me referir a ti na segunda pessoa do singular demonstra por si só que ainda és especial. Mas eu não quero isso. Que arranjar outra pessoa, quero passar a sentir falta de outro alguém e quero deixar este pseudo-vazio emocional onde parece que estacionei.
Esta noite sinto-me sozinho, mas não me importo. Só queria ter alguém no pensamento para que a solidão não fosse tão pesada.