quarta-feira, outubro 13, 2004

Esta manhã, quando voltava para casa, foi quando me atingiu. Atingiu-me como se fosse uma rajada de vento frio no meu corpo desprotegido. Atingiu-me como se fosse uma especie de frio caloroso que nos deixa um sorriso nos lábios mas que faz a vida voltar para trás.
Esta manhã lembrei-me das alturas boas do Inverno, lembrei-me dos aconchegos, dos abraços quentes, das mantas mútuas. Lembrei-me das sessões de cinema, dos filmes melosos e das pipocas partilhadas. Lembrei-me que houve coisas boas, muito boas, para além das coisas péssimas. Lembrei-me que houve alturas em que fui realmente feliz, onde o sorriso dos meus lábios não era um disfarce mas uma característica. Lembrei-me de desejar ardentemente ouvir a tua boca dizer o meu nome, ouvir o teu coração aquecer o meu. Lembrei-me de que senti muito mais do que pensava ter sentido. Lembrei-me de que sou filho do Inverno e de que ele sempre foi bom para mim. Esta manhã, lembrei-me de ti.
Mas com o frio no pescoço veio também o enregelamento do coração e do pensamento. Veio a noção de que tudo isto acabou.
Para sempre.