terça-feira, setembro 28, 2004

Não percebo. Julgava já ter este assunto enterrado e morto, mas estava apenas moribundo e escondido. Julgava que o esquecimento se tinha apoderado de mim e julgava-me novamente insensível à dor ou ao prazer. Estava enganado.
Sinto o vazio da incerteza. Sinto a dor da solidão a atacar novamente em grande força. Sinto-me novamente prestes a desabar, sinto-me novamente frágil e longínquo.
Não percebo. Julgava que já me tinha vacinado contra esta gripe, mas afinal tenho nova recaída e desta vez sem razão aparente. Não percebo!
Estavam enganados todos aqueles que me diziam que o tempo tudo apaga, estavam errados todos aqueles adeptos do famoso dito "Longe da vista, longe do coração". Do coração talvez, mas não de certeza longe da alma e muito menos longe da mente. Não percebo como voltei a sentir tanta falta daquilo que não tive. Não percebo como voltei a sentir tanta falta do pouco que tive. Não percebo como é que se pode viver neste estado de vazio, de falta de rumo. Não percebo como é que ainda existo. Não percebo como me tornei neste autómato que faz uma vida normal sem alma corroída pela dor, sem tristeza nem felicidade. Sem nada.
Não percebo.