segunda-feira, julho 19, 2004

É tudo na minha cabeça. Tem que ser tudo na minha cabeça. Só pode, porque se não for, então todas as certezas que eu tinha sobre o mundo, sobre a vida, correm o risco de serem fortemente abaladas.
Gritos de desconfiança ecoam pela minha cabeça preocupada. É tudo muito improvável, eu sei, mas por outro lado é também uma realidade que mais tarde ou mais cedo vai-se acabar por realizar. Mas com a realidade posso eu bem, o que me está a custar é a suspeita, que se se vier a confirmar por vias menos nobres, então sim, aí é que o meu mundo vai sair abalado. O nosso mundo vai sair abalado.
Eu sei que não sou tão especial para ti, ou tão importante como secretamente penso ser, como queria ser, mas de qualquer das formas acho que merecia no mínimo uma justificação para esta nova fase que atravessamos e que em nada tem a ver com os bons momentos (pelo menos para mim) que já tivemos. Deves-me ao menos isso.
Sim, eu sei que também agi mal quando decidi ser egoísta e pensei em afastar-me para evitar assim a hemorragia de sofrimento, mas ao fazer isso penso que abri em ti uma ferida que ainda não consegui fechar e por isso peço desculpa. Mas apenas por isso. Disseste-me uma vez que as desculpas vindas da minha boca já não tinham significado, porque eu as usava demais. E sabes porquê? Porque me rebaixo sempre e ignoro a razão que é minha de direito apenas para que não nos zanguemos. Mas esses dias acabaram. Não mais ouvirás um "desculpa-me" sentido vindo destes lábios sem que para tal haja necessidade. Não vou deixar que me continues a tratar como se não tivesse nunca razão. Não sou mentecapto,  percebo que seja mais fácil para ti ouvir desculpas quando eras tu que as deverias proferir, mas como já te disse, nunca mais.
Por isso, e com uma insensibilidade que não reconhecia em mim, peço-te que sejas tu que me digas a verdade, não como a um apaixanado que temes magoar, mas como a um amigo que teu pensa ser.
Espero que me confirmes que é tudo na minha cabeça. Espero que me digas que estou maluco. Mas mesmo que não esteja e que as minhas suspeitas não sejam infundadas, espero que mo digas.