quarta-feira, julho 14, 2004

Acordei. Olhei em volta e apercebi-me de que não esteva na minha memória alegre dos tempos em que era realmente feliz. Novamente, a realidade abateu-se sobre os meus ombros e a lágrima amarga voltou a reaparecer no seu lugar de Very Important Tear.
Mas hoje sacudi os ombros e enxuguei os olhos. Não é tempo de sonhar com o passado que não existiu; é tempo de olhar em frente, para o futuro, para onde ainda é possivel que os sonhos e esperanças que tive no passado se venham a realizar.
Sou demasiado novo para que me deixe afogar pelo leite derramado; tenho que pegar no pano e limpar a porcaria do chão da minha vida. Tenho que destruir as falsas memórias para arranjar espaço para as verdadeiras que hão-de um dia surgir. Um dia terei memórias reais com que me babar. Tenho a certeza.
Desligo o leitor de cd's que tocava sem parar há vários dias. Decidi pegar na guitarra e cômpor a minha própria banda sonora para a felicidade.
As notas e acordes vão saindo a medo e não raras vezes abafadas pelos trastes. Demora um pouco mas lentamente começo finalmente a reconhecer um nico de melodia a que se pode chamar música. Não é lá muito bonita, é até um pouco difícil de ouvir. Bastante triste aquilo soa-me à melodia da minha vida. Paro e recomeço. O futuro não pode ser assim. Não pode.
Desta vez acaba por me soar bem melhor. A minha persistência aliada ao meu parco conhecimento levou-me a bom porto. Assim seja a minha vida.
Mas estou farto de parar e recomeçar. Uma única vez gostava de de começar e terminar uma música alegre que servisse de som de fundo ao viver, em vez de longas e tristes baladas, intercaladas com semi-alegres solos.
Embora cansado disto, é a única solução. Tenho de continuar a tentar e a rezar para que a minha vida se molde em função da minha música e não o contrário.
Acordei coberto com a realidade.
A realidade que ontem temia e hoje enfrento.