quinta-feira, abril 07, 2005

É muito mais difícil sair do que entrar. As paredes do horrível poço, por breves momentos belo, agarram-nos de tal maneira que a fuga só se torna possível com toneladas de vontade. É como uma droga leve e alucinogénica que nos vai viciando sem nos apercebermos, que nos dá uma enorme sensação de felicidade logo seguida da terrível ressaca. São as inúmeras canecas de cerveja numa tarde de verão que acabam por ser o dobro ou o triplo para nós do que para a realidade. Ao princípio freso e revigorante, depois desmoralizante e por fim desesperante. Sem saída para os fracos, encurralando os fortes. É assim o milagre da vida e da morte. O milagre que dá à nossa vida um sentido e amacia a nossa partida.
Vício terríficamente bom, remédio altamente degradante: assim o é na realidade. Tão bom que não o conseguimos deixar; tão mau que só nos queremos ver livres dele.
Assim o é a droga miraculosa, a cura dos solitários, a perdição dos justos. Assim o é o indizível, o imprununciável sentimento.
A droga milagrosa.
Estou agarrado à droga milagrosa e não consigo sair. Por muito que tente, não o consigo. Sou um drogado, bêbedo, viciado no terrível mal.
A maldita droga milagrosa.

Remake de um certo e determinado post, desta vez em português, lingua mater.