sexta-feira, junho 10, 2005

E logo quando eu pensava que tudo estava a correr bem, eis que saio abalado não sei bem de onde. A minha memória prega-me partidas, não como aquelas que prega aos velhotes, relembra-me daquilo tudo que vivi e que não devia. Principalmente dos bons tempos. Aqueles que eu mais queria esquecer para que não volte a cair. Não caí ainda, pelo menos ainda não. Não sei quanto tempo aguentarei mais.
O mal deste mundo é os estúpidos estarem cheios de certezas. Quem me dera não ser estúpido. Tinha tanta certeza, agora ja não tenho. A minha cabeça é uma armadilha cruel; o meu coração uma amalgama de sentimentos dispersos. Não quero voltar a estragar aquilo que tanto trabalho me deu a reconquistar, tenho que ser forte. Vou ser forte. Se ao menos soubesse o que sinto, se ainda sinto, e mais importante que tudo, se quero sentir!
Aquele abraço trouxe tudo de volta à minha cabeça. Tal como naquele dia, no concerto. Todas as memórias, os cheiros, os sentidos, tudo. O beijo eminente e evitado. A confusão. Não quero que tudo termine como da última vez, por isso melhor é nem começar. Não deixar ver o que é este sentimento que resta no meu peito, matá-lo antes que se desenvolva.
Era bom que fazer fosse tão fácil quanto escrever. A marca profunda que me deixaram no corpo, pode ter sarado por completo.
No entanto a cicratiz continua lá. E continua a doer nos dias de nevoeiro. Só espero que não seja outra infecção.